terça-feira, 22 de junho de 2010

Hoje, 22 de junho de 2010, compulsão, face da morte, velhice, reajustes


Sobre a comedora compulsiva:
Não. Não estou conseguindo seguir dieta. Nadica.
Entrei na academia, e muito importante: com o MEU dinheiro. O dinheiro que ganhei com o novo trabalho, com o meu concurso!E nada.
Não tenho vontade de ir. A vontade durou apenas uma semana. E é apenas emagrecer o que falta para que eu possa engravidar!
Putz, onde está o meu juízo?

Estão acontecendo tantas coisas boas, que há tanto tempo venho batalhando e pedindo a Deus, e quando falta o mínimo, quando falta uma merrequinha: nada. Eu estou contra mim.

Sobre o meu dia:
Cada vez mais meu grupo de trabalho se integra, ficamos mais colegas, almoçamos juntos. Isso é ótimo!

Sobre o meu local de trabalho: não é bonito, mas se entranha na gente. É estranho, mas é isso que acontece, uma mistura de coleguismo agradável e sem competição, já que todos somos concursados. E ao mesmo tempo, é esquisito, incômodo de se acostumar com gente doente, carente, alguns muitos morrendo.

Hoje vi uma paciente de 30 anos em fase terminal de câncer de ovário. Ela havia feito uma sessão de hemodiálise e estava dormindo. Estava branca, muito branca, de uma brancura que jamais imaginei poder existir em um ser humano. Lábios, pele, tudo da mesma cor, uma branco total amarelado.

No meu atual trabalho a morte está sempre presente, encarada de forma natural por quem já trabalha lá há tempo. Vista como incômoda constante presença por mim e por quem começou agora.

Passei uma tarde chorando por ter lido um prontuário inteiro de um recém-nascido que foi a óbito. Muito triste ler a história da morte de um ser humano. Esse é o meu trabalho. Cobrar os procedimentos feitos, por isso tenho em mãos os prontuários dos pacientes.

Rezo, peço com fé, que o tempo me traga a sabedoria que eu pensava ter, mas que a prática me mostra que não estou tão madura assim. Peço para encarar a morte com naturalidade, ou pelo menos com mais aceitação.
Hoje à noite estive num hospital, de novo, só que em outro, para visitar o pai de minha amiga. Ele teve um avc, está com um lado paralisado, mas lúcido e com amigos visitando. Essa é a diferença entre ter ou não dinheiro: ele pôde ir para um hospital bem razoável, com um quarto só para ele, com enfermeiros mais gentis e prestativos que no serviço público.
Saí com minha amiga para conversarmos, jantarmos juntas. Estávamos precisando desse tempo. Ela, para desopilar de tomar conta do pai. Eu, para desopilar da minha rotina.
Sobre o meu noivo, resolvi e vou me dedicar a me libertar mais dele. No melhor sentido possível dessas palavras.
Eu estava muito grudada, sempre com vontade de vê-lo. E quando nos encontramos é otimo, pelo menos na maioria das vezes.
Ele é mais introspectivo. Gosta de ficar sozinho em casa. Curte isso.
Eu sou mais apego, mais de ficar junto, mesmo que cada um faça coisas diferentes no mesmo ambiente. Só que não moramos juntos. eu não me sinto em casa na casa dele e ele não se sente em casa na minha casa. Ambos ainda moramos com nossos pais.
Então, vou aproveitar a minha maturidade e tudo que já vivi para reaprender a me posicionar.
Respeitar mais ainda o recolhimento voluntário dele.
Voltar a me acostumar a me sentir muito bem sozinha, o que eu já sentia, mas andava desacostumada.
E vou fazer isso não por uma bravata idiota, mas porque será saudável para mim. E depois, por consequência, para ele.

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