quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Uma desafia a morte, o outro batalha pela vida


Hoje tenho duas histórias para contar. Uma minha, que estou desafiando dementenente a manutenção da minha saúde. Outra de um de meus cachorros, que mais uma vez está lutando por sua vontade de ficar vivo.
Conto primeiro a boa ou a ruim? Quando me perguntam isso sempre começo pela ruim, pois a notícia boa por fim amortece a sensação da ruim.
Então vamos lá, nesse caso, a primeira e ruim será a minha história.

Há dias e meses que venho tentando, seja desesperadamente, seja com alguma esperança, mas sempre sem sucesso, lutar contra a compulsão alimentar.
Estou engordando, estou 30 quilos acima do meu peso. E com isso a minha pressão está desregulada, o remédio que tomava não está mais segurando a barra.
Há dias, semanas, que me sinto meio tonta de manhã. Hoje o tensiômetro chegou do conserto e de manhã cedo, ao acordar, minha pressão estava 15 x 9. Tomei dobrado a dose do anti-hipertensivo.
Cheguei no trabalho e veio a tontura e dor de cabeça. Tomei um dorflex.
Vim almoçar em casa para cuidar do cachorro e aferi a pressão: 17 x 12. Encontrei o remédio de pressão que eu tomava há muito tempo, tomei um.
Voltei ao trabalho e me senti mal de novo. Liguei e consegui um encaixe para a minha cardiologista para a próxima semana.
Cheguei em casa e a pressão estava em 15 x 9. E eu me sentindo mal. Tomei o,5 mg de rivotril e me deitei.
Acordei melhor, pressão 14 x 9, sentindo apenas dor de cabeça.
Tomei outro dorflex. Agora me sinto relativamente bem.
Há seis meses a cardiologista calculava que se eu emagrecesse 10kg talvez nem precisasse mais de tomar anti-hipertensivo.
É por isso que digo: dementemente e sem controle estou desafiando a morte.

Agora vamos para a história boa.
Tenho um cachorro que deve ter 12 ou 13 anos. Está conosco há 5 anos, chegou adulto e mal tratado. É um cão de grande porte. É educado, amoroso, cheio de vida.
No final de semana ficou coberto de feridas. Meu pai e meu irmão cortaram seus pelos e colocaram remédio. Eu cheguei em casa domingo à noite.
Quando cheguei em casa do trabalho, na segunda, me avisaram que ele havia vomitado três vezes.
Dei plasil, comida e ele tomou bastante água e parou de vomitar. Fui dormir cansada e tranquila.
Pouco mais de uma da manhã eu o ouvi vomitando várias e várias vezes, até o dia amanhecer. eu não podia sair de casa de madrugada, então esperei o dia amanhecer para sair com ele. Não consegui dormir de tanto estresse e preocupação.
Cheguei a achar que o encontraria morto, pois é velhinho e parou de fazer barulho lá pelas 4h.
Cinco horas me levantei e fui vê-lo. Prostrado, caquético, enrolado e sujo de areia, um caco do cachorro alegre que era.
Sempre há nos cachorros uma característica que me toca profundamente: a completa confiança que eles têm em seus donos.
Quando meu cachorro está doente, vejo claramente o pedido de socorro e a confiança que depositam em mim, de que eu os ajudarei. E aceitam que eu os fure para injeções, coloque comida goela abaixo quando não aceitam comer, trate suas feridas, aceitam que eu cuide deles, quase me pedem isso com o olhar.
Coloquei meu cachorro no carro e rodei atrás de uma clínica aberta logo cedo. Não encontrei.
Liguei para uma que conheço, marquei com o veterinário ás 8h.
Meu cachorro ficou no soro e medicamentes endovenosos até às 15h.
Eu o trouxe para casa ainda muito mal. Ele é bem velhinho.
Não quis comida e nem água. Passe no liquidificador ração, leite e carne, fiz uma pasta molhada e pegajosa e fiz bolinhos com a mão e coloquei várias vezes a comida no fundo da boca dele. E ele teve que engolir. Repeti isso hoje de manhã.
Na hora do almoço, vim para casa para cuidar dele, eu estava com a pressão pipocando de tão alta.
Mas o que acontece? Ofereço a carne antes de fazer a gororoba no liquidificador e ele aceita e come espontâneamente!
Pois é, meu cachorro velhinho e com um pé na cova decidiu viver. E almoçou muito bem.
À tarde ligo para o veterinário para saber do hemograma. Ele me diz que o resultado é crítico. O máximo de leucócitos que deveria dar seriam 16.000, e meu cachorro está com 36.700. Vou para casa preocupada. E o que encontro?
Meu cachorro de pé, fazendo festa ao me ver e com um apetite de leão.
É isso, a vida pede passagem e ele a está deixando entrar com toda a força de suas quatro patas que eu tanto amo.
E vamos para a frente.
Amanhã é dia de consolidar a saúde, para ele.
É também dia para eu tentar recuperar a minha.

4 comentários:

  1. Andas a tomar remédios descontroladamente !
    Eu preciso de ter a mínima entre os 8,5 e os 9 !
    Vou duas vezes por ano ao cardiologista, desde que tive um enfarte há vários anos atrás.

    No Verão, por causa do calor, meço a tensão 2 vezes por dia, para ver se corto um dos remédios, pois, com a vasodilatação, a tensão arterial cai para os 7 ou 6,5 e eu não me aguento.


    A história do cão é muito interessasnte.
    Mas não confies que ele esteja curado.
    pode ser uma espécie de canto do cisne...


    Um beijo.

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    1. Agora está tudo certo, medicamentos ajustados...
      Meu cão ficou completamente bom dessa vez. Alguns meses depois teve uma severa recaída, e estava sofrendo e tendo convulsões, então, tive que mandar sacrificá-lo.
      Era um amigo que adorava viver e enquanto foi possível eu o ajudei a conseguir isso.
      Outro beijo.

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  2. O melhor é ir ao medico de novo, estou para voltar ao meu. A pressão é muito traiçoeira e ficar muito preocupada com ela e se culpando só faz ela subir mais. Bonita a historia do seu cão e vamos torcer para ele ganhar um tempo a mais a vida afinal é isso. Um tempo que a gente ganha.
    Eu vim através do blog do JG.
    Abraços

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    1. Oi,
      Você está certa, e cada tempo que se ganha, com qualidade de vida, é uma benção. E ele conseguiu mais alguns meses.
      Abraço!

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