quinta-feira, 24 de março de 2011

Eu, de novo

Putzgrila, a cada vez que leio como eu me sentia no ano passado eu vejo que poderia pegar o que escrevi lá e colocar aqui, e seria idêntico ao modo como como estou me sentindo agora.
As mesmas sensações em relação à comida, as mesmas brigas de sempre com meu namorado/noivo.
Eu estou marcando passo. Literalmente, marcando passo sem sair do canto.
Em relação à comida, se é que isso vai significar alguma coisa, há dois dias que me distancio de novo dela, da compulsão. Não que esteja fazendo dieta. Mas está tão na minha cara o tempo todo o quando eu estou me arrebentando com essa doença que até a gula passou.
Estarei eu chegando no fundo do poço? Eu não sei, quem me dera fosse isso.
Acho que estou cansada, isso sim.
Cansada de brigar comigo mesma.
Cansada de brigar contra a compulsão.
Cansada de brigar a favor ou contra comer ou não.
Estou cansada de brigar com meu noivo. Sei que nos amamos, assim como sei que há pontos em que provavelmente nunca chegaremos a um consenso. Sei que pode soar ridículo, mas isso sempre me vem na cabeça:
Mesmo que o nosso amor um pelo outro seja em mesma intensidade, nós funcionamos de formas diferentes.
Eu funciono como um cachorro: adoro estar perto, sair juntos, marcar alguma coisa no final de semana ou simplesmente assistir a um filme à noite, em suma, quero companhia, convivênvia. Basta a oportunidade aparecer que eu praticamente todas as vezes quero aproveitá-la. Para mim, só por ser sexta á noite, mesmo que eu saiba que terei que trabalhar no sábado, isso por si só já me dá vontade de ficar abraçada, seja em casa, seja para dar uma saída.
Ele funciona como um gato: também adora estar perto, desde que a vontade dele no momento seja essa, gosta de marcar alguma coisa no final de semana, desde que não esteja a fim de ficar quieto em seu canto. Ele é carinhoso e amável, mas essa vontade de estar ou não junto é muito mais volátil que a minha. Ele adora em tanto ou maior grau, ficar sozinho, curtir seu quarto e suas coisas. Isso não significa ser melhor ou pior, apenas diferente. Diferente do meu modo de ser.
Eu sou mais expansiva, ele é mais introspectivo. E ele não age assim somente comigo, é assim com todas as pessoas. Só que muitas vezes tenho que me afastar, quando na verdade gostaria de estar junto.
Isso é uma questão de adaptação? Não sei, mas tem que ser, se quisermos ficar juntos.
E até agora acredito que queremos.
Também vêm acontecendo algumas coisas erradas: ambos estamos com problemas pessoais, ele tem os nós dele, eu tenho os meus, alguns são muito parecidos, e isso tem sobrecarregado a relação a dois. Acho que isso é compreensível e normal, que aconteçam confusões e repasses desnecessários de frustrações, isso só precisa reconhecido, e acho que começa a ser. É inegável que estamos discutindo muito.
Tivemos uma séria discussão domingo.
Eu sou imediatista, não nego. Fico puta da vida, tenho raiva de achar que vou morrer, mas uma hora ou duas depois isso já passou. E pelo fato de passar rápido e de me dar logo vontade de fazer as pazes e tocar a vida em frente, talvez isso me atrapalhe em avaliar o problema mais a fundo e me impeça de pensar em soluções duradouras.
Com o passar do tempo ele foi se adaptando ao meu jeito de resolver as coisas, de querer fica bem logo um com o outro. Fui eu quem impôs isso? Acho que não, acho que aconteceu naturalmente. Ou acontecia.
Desde domingo não nos falamos. Aliás, nos falamos para nos afastar.
Ele disse que para avaliar o que está acontecendo precisa se manter afastado de mim. Não tiro a sua razão, afinal, o meu modo de resolver as coisas, imediatista, não vinha funcionando.
Está sendo muito esquisito isso. Já passei por algumas fases nestes dias (não nego que, de novo, estou sendo imediatista, afinal, quatro dias são apenas quatro dias) de saudade imensa e vontade de abraçá-lo à solidão doída, de revolta à indiferença (que passou tão ligeiro que nem senti), alguns altos e baixos que passaram.
O que estou sentindo agora é tristeza, e vazio. Não solidão, mas vazio. Vazio e tristeza. Principalmente quando chego em casa após a pós ou o trabalho e depois de já ter conversado e colocado em dia os assuntos da minha filha.
Normalmente me sinto sobrecarregada de coisas para resolver e viver. Quando estou sozinha é que me dou conta do quando sinto tristeza e um certo vazio por estarmos separados.
Não estou acostumada a esperar enquanto o outro repensa valores, culpas e atitudes. É uma experiência nova, e desagradável para quem é imediatista.
Já cheguei a algumas conclusões, só que acredito que as mudanças devem ser vividas na prática, é tomar a decisão, assinar em baixo e tentar. Já ele precisa de tempo, de afastamento, de não sei quantos dias mais.
Paciência.
Se o amo? Sim, amo. Isso não está em questão. Como ele sempre diz, nossos problemas nunca são motivados por falta de amor.
Se ele está, neste momento, questionando o amor que ele acreditava ser para sempre, eu não tenho a menor idéia. Acredito que não, mas posso estar errada.
É tempo de esperar, esperar e endurecer, é tempo de guardar a ternura e esperar a porrada. Ou não? Não sei. EU NÃO SEI. Não estou acostumada a esperar.
Mas vou esperar o tempo que for necessário. A cada dia de espera eu vou dando um passo atrás, me resguardando, me protegendo, me guardando dentro de mim mesma.
É a única forma que conheço de enfrentar tempos difíceis.
Dramática? Sou. Passional? Idem. (e não vou avaliar agora se isso é certo ou errado)
No meio dessa doideira toda de uma coisa eu tenho certeza absoluta:
Quando venho demais aqui, quando uso demais a Mulher, geralmente minha vida aqui fora está desorganizada.

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