sexta-feira, 27 de maio de 2011

Pensamentos


Não sinto desespero por comida. Não nesta fase.
Ontem fui a uma festa para dar as boas vindas a uma prima que passou um ano de intercâmbio nos EUA, quase toda a minha família estava lá. E, é claro, muita comida também, todas as festas em minha família são sempre regadas a comida, muita.
Comi pouco, bem pouco para a orgia que eu teria feito nos maus tempos. E acordei (se é que posso dizer que dormi, pois tive insônia) satisfeita comigo mesma. Nos momentos em que adormeci sonhei com momentos em que eu não seria aceita pelos outros, e eu brigava, tentava me impor, cenas em que eu precisava brigar para que não me diminuíssem, sonhei um monte de merda neste sentido, um monte de cenas se repetindo, sempre com este teor.
Ontem também havia uma festa com música para dançar para ir com meu noivo e com a mãe dele. Não deu. Não dá. Não sinto vontade alguma de ir.
Sei que tivemos uma conversa bem franca sobre nossos pesos. Sei mais ainda que não há culpados, apenas gordura que detona a auto-estima, assim como o sentimento comum de não estar à vontade no próprio corpo.
Embora eu sinta muitas vezes vergonha por estar gorda, vergonha de mim, a verdade é que nunca senti vergonha alguma dele, todo o meu sentimento detonador recai apenas por cima de mim.
E ouvir dele que sente vergonha do que possam falar de nós dois em público, principalmente entre pessoas conhecidas, minhas ou dele, deixou claro que a vergonha dele se estende a mim também. E isso me bloqueia completamente. Não é algo que eu sinta raiva ou o culpe, não há motivos para isso. Mas certamente isso bloqueou qualquer vontade que eu possa ter de sair em público junto com ele.
Tenho plena consciência de que ele sente atração e desejo por mim, isso ele demonstra facilmente. E também acredito que me ame, não tenho dúvida.
Mas nem em nome desse amor sinto qualquer vontade de estar com ele em público. E não é por bobagem do tipo: ah, estou com vergonha... NÃO.
Apenas sou mulher demais, com idade demais, para permitir que a vergonha dele se estenda a mim.
Sempre coloquei a minha compulsão e a minha aparência apenas e tão somente nas minhas ações, no meu descontrole, e sempre soube que os motivos (se é que eles existem) que deflagram a compulsão são pontos de partida, mas que a gordura que está em mim é apenas fruto das minha ações, e acho que por isso nunca estendi a minha vergonha ou desconforto a qualquer companheiro, fosse ele gordo, magro, feio, bonito, alto ou baixo.
Claro que é possível entender as razões dele em sentir vergonha de nós como um casal, nem todos são obrigados a enxergar as coisas e muito menos a encarar da forma como eu encaro.
Só tenho uma certeza hoje: o meu sentimento em relação a mim mesma já é grande demais para que eu carregue também o de outra pessoa.

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