sábado, 2 de julho de 2011

Descrição

Desde ontem sinto desânimo, medo, uma certa tristeza, uma desesperança comigo mesma, com meu corpo e com o mundo.

E sinto solidão, uma solidão que é até de mim mesma e que não me deixa encontrar graça nem nas coisas simples que eu preciso fazer.

Peguei um livro de meu pai, um chamado "o demônio do meio-dia, uma anatomia da depressão", o pouco que li já me confirma que estou deprimida, mas que não estou com depressão, isso é um estado de espírito, e espero, de todo coração, conseguir reverter a situação antes que se agrave mais.

O início de tudo? O de sempre. Estou gorda e descontrolada completamente em relação à compulsão, estou me sentindo e me achando velha e feia, de repente perdi a minha jovialidade e estou uma coisa feia, disforme e velha, e com vergonha de sair.

Queria passar o dia inteiro deitada no meu quarto, infelizmente daqui a pouco terei que trabalhar e assim, terei que me expor. E sorrirei e conversarei com todos, e ninguém saberá o vazio que sinto.

Minha filha, mesmo quando me esforço para ser o mais normal possível, me pergunta o que eu tenho, ora, respondo qualquer coisa: estou cansada, já é tarde e estou com sono, cada vez invento uma coisa qualquer. Ela fará vestibular e está se esforçando para passar e eu não posso atrapalhar o seu mundo com as minha dúvidas e lamúrias. Ela começou a namorar um rapaz que mora em outra cidade, isso foi ótimo, o namoro está firme e ao mesmo tempo não atrapalha sua semana de estudos. Quando ela precisa conversar, quando está cansada ou com dúvidas, faço o possível para me sentir normal, as vezes até consigo. Não posso e nem seria justo atrapalhar a sua batalha. Minha função de mãe é incentivar, ser forte, estar perto.

Sobre o meu noivo, ele está complicado com a mãe dele, com a biópsia que será feita esta semana e que vai confirmar ou descartar um novo câncer. Ele já tem seus problemas, inclusive o da compulsão também, então, cada um com seus monstros.

Minha mãe veio me contar, como sempre, problemas ou dramas, dessa vez o medo é totalmente real, é o medo da abertura iminente de um grande concorrente aqui perto. As reformas já começaram e em breve abrirá. Por pouco não peço para ela parar e digo que não estou aguentando ouvir aquilo, por pouco não digo que estou tão no canto do muro que me é imposssível sobrecarregar com mais esse problema.

E antes de me levantar eu tentava racionalizar.

PORRA, TODO O MEU PROBLEMA COMEÇA COM A MINHA MALDITA COMPULSÃO, COM A MALDITA COMPULSÃO QUE LEVA TODA A MINHA GARRA EMBORA, COM A MALDITA COMPULSÃO QUE ME DESTRÓI.

E tento pensar que se eu fechar a boca emagrecerei, simples assim. E porque diabos é tão complicado???

Porque esqueço de todos os sentidos que tenho e coloco carga total apenas no que existe agora: no paladar, na comida, no estômago cheio que me destrói e ao mesmo tempo me ampara da tensão?

Porque continuo procurando alívio na comida e no estômago cheio, se tal qual outra droga qualquer, me escraviza e inicia um ciclo vicioso maldito?

Enquando questiono me dá uma vontade imensa de virar a mesa e começar a reagir. Sei que em seguida essa vontade vai fraquejar e me deixar.

Cacete, essa nuances da compulsão são foda!




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