quinta-feira, 19 de abril de 2012

Me desencantando com meu companheiro

Passamos por muitas coisas juntos, é verdade, ainda o amo, mas começo a me desencantar de uma forma assustadoramente real. Mesmo sem querer começo a medir o quanto eu me dôo e o quanto recebo, e acho que estou em desvantagem. Estou perdendo a paciência em aguentar as grosserias desnecessárias e até mesmo a instabilidade emocional que me machuca. Não sinto raiva, sei que muitas vezes ele não consegue dominar , entendo isso como um problema de saúde, mas a verdade é que cada vez mais me sinto mal quando isso acontece embora saiba que depois ele me pedirá desculpa.
Um fato que aconteceu esta semana me magoou bastante. Não pelo fato em si, mas pelo desenrolar das coisas, que me mostrou um homem imaturo e inseguro, que para não desperdiçar um reconhecimento da família dele, o que ele precisa tão desesperadamente, não hesitou em me expor, em questionar meu papel junto a ele até para colegas do curso de fotografia, e achou que era necessário dissecar para esta prima o que eu represento para ele para então, contra a sua vontade, não aceitar ser padrinho de casamento dela.
Ele tem uma prima querida que se casará agora em maio na igreja católica, com todos os protocolos católicos. Semana passada ele recebeu um convite dela para ser padrinho de casamento e ficou exultante de tanta alegria. O fato de ela nem sequer ter pedido a ele para conversar comigo sobre ter chamado apenas ele, apesar de eu ser a mulher dele, como ele mesmo diz, me deixou chateada, mas mesmo assim dei os parabéns a ele e não pedi em momento algum que ele declinasse do convite.
Ele ainda questionou porque eu estava chateada, e eu respondi que todos os outros primos dele oficialmente casados iriam com suas esposas, e que eu havia sido descartada sem sequer uma explicação. Ele disse que isso era bobagem, que era uma imposição idiota, que nos tempos atuais é assim que se chamam padrinhos, etc.
Durante a semana ele perguntou ao pai dele o que achava, o pai dele foi categórico em dizer que isso estava errado, que o correto teria sido me chamar ou me dar uma explicação. Depois perguntou para a mãe dele, que não apenas disse que estava errado com também tomou a iniciativa de ligar para a prima dele e dizer isso, o que o deixou irritado.
Então, no mesmo cursinho de fotografia em que ele já havia me dito que falou pra turma:
- Quando eu saio daqui eu ligo para a minha mulher para contar a ela como foi meu dia.
Nesse mesmo curso ele foi perguntar para uns amigos sobre o que eles achavam. E como ele queria ouvir uma resposta diferente, deixei de ser sua mulher e virei sua noiva. E então eles responderam:
- ah, se é sua noiva, não tem problema, você pode aceitar o convite.
E então acredito que ele se sentiu na obrigação de reiterar:
- Mas nós íamos ter um filho, é porque perdemos a gestação...
E então seus amigos de curso responderam:
- ah, sendo assim não pode, deveriam ter chamado a sua noiva...
Quando ouvi essa explicação por parte dele para me dizer que havia tomado a decisão de declinar do convite, senti vergonha. Vergonha dele, da ação dele, vergonha de mim, por me ver dissecada para colegas de cursinho de fotografia. Tudo isso em nome de um convite que ele gostaria imensamente de aceitar porque precisa desesperadamente de algum reconhecimento.
Ainda assim não me mostrei revoltada. Então nesta segunda-feira ele me enviou uma cópia do e-mail que enviou para a prima, no qual ele explica porque não poderá ser padrinho de casamento dela. E aquela cópia mostrou claramente o quanto eu devo sentir vergonha da ação dele, e o quanto eu posso me indignar com isso.
- Naquele e-mail ele se abaixa até o fundo das calças aparecer. Ele disseca o nosso relacionamento numa longa explicação, que começa por: Querida Marcinha... eu não sou e e nem estou casado, mas apesar disso tenho com Luciana... e então ele se explica e se explica e se explica, sentindo uma necessidade de explicar nos mínimos detalhes porque terá que negar o convite em razão do relacionamento que tem comigo.
- E termina o e-mail pedindo encarecidamente perdão, pedindo que ela o perdoe, e deixando claro que é completamente contra aquele protocolo, mas que se vê obrigado a cumpri-lo.
Então ficou claro que receber esta cópia de e-mail significou que ele quis mostrar que fez o que os outros disseram, mas não o que ele queria, e isso ele deixa bem claro no e-mail.
E quando me revoltei por ter sido dissecada, por ele não ter tido peito de dizer simplesmente: - olha Marcinha, fiquei muito feliz com seu convite e bla bla bla, mas Luciana é minha mulher e não posso aceitá-lo... Senti vergonha da imensa explicação e justificativa que ele se sentiu obrigado a dar, senti vergonha de vê-lo se abaixando até o fundo das calças aparecer, e me levando junto nisso, hoje é isso que sinto, vergonha e revolta.
E quando eu expressei a minha revolta ele se voltou completamente contra mim, disse que eu me dizia aberta, mas que na verdade sou uma filhinha de papai tradicional até o pescoço, e que ele sempre iria contra essa sociedade que rotula ele de inútil e a mim de mãe solteira. E então me magoou de novo, entrou numa área que não pertence a ele, minha filha tem 18 anos e eu nunca precisei dele para nada, o conheço há apenas 3 anos.
EU FUI DESRESPEITADA PELA PRIMA DELE, QUE É CATÓLICA E SE CASARÁ NOS MOLDES CATÓLICOS, E AINDA LEVEI A CULPA DE NÃO SER ABERTA O SUFICIENTE PARA ENTENDER QUE É NATURAL QUE ELA TIVESSE CONVIDADO ELE PARA PADRINHO E ME DESCARTADO SEM SEQUER PEDIR PARA ELE ME CONSULTAR. E AINDA FUI ATACADA EM OUTRA ÁREA QUE NÃO DIZ RESPEITO A ELE, ELE ME ATACOU DE GRAÇA.
Estou cansada. Muito cansada.
Hoje de manhã iremos a uma consulta com a geneticista. Recebemos o resultado dos nossos cariótipos e o exame dele mostrou uma alteração genética que quase com certeza me fez sofrer os dois abortos espontâneos seguidos.
Quando recebi o resultado desses exames e vi que o meu deu normal e o dele deu alterado, fiz questão de demonstrar todo o meu amor, de dizer que não me importava, que se não pudéssemos ter adotaríamos, que não tenho nenhuma restrição em adotar. Ou seja, fiquei incondicionalmente ao lado dele, como sempre.
E numa merda de um convite para padrinho de casamento, no qual fui desrespeitada e sequer foi levado em consideração me dar uma explicação, minha relação com ele foi extremamente dissecada, explicada, para só então, contra a vontade dele, ele pedir encarecida e antecipadamente o perdão dela por se ver obrigado a declinar do convite.
Estou triste e envergonhada, e decepcionada. E pela primeira vez analisando realmente se é isso que desejo para o resto da minha vida.